domingo, 3 de fevereiro de 2008

Infra-estrutura

Sediar uma Copa significa hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas, que serão transmitidas globalmente. A expectativa é que em um mês 500 000 turistas – 10% do total que o país recebe em um ano inteiro – acorram às cidades onde acontecerão os jogos.

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Não há motivos para duvidar de que a Copa de 2014 no Brasil seja uma grande festa. Além de dispor de sete anos para organizá-la, o país vem de um notável sucesso na realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

"A Copa do Mundo transcende o aspecto meramente esportivo", diz o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter. "É uma oportunidade magnífica para combater problemas sociais e promover os valores positivos associados ao futebol." Na África do Sul, existe a expectativa de que a Copa de 2010 contribua para o esforço de integração da maioria negra à economia do país, diminuindo as diferenças sociais herdadas do apartheid. A Coréia do Sul e o Japão melhoraram significativamente suas relações bilaterais ao organizar em conjunto a Copa de 2002.

No Brasil, já estaria de bom tamanho erradicar a dengue para que não atinja os estrangeiros que virão em 2014. A Alemanha, por sinal, enfrentou com sucesso a ameaça de um surto de sarampo antes do Mundial de 2006.

Custos
Organizar uma Copa do Mundo, evidentemente, não sai barato. No caso da Copa no Brasil, parte da verba virá dos cofres da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), beneficiária dos polpudos patrocínios da seleção brasileira. Mas os gastos com infra-estrutura nas cidades onde acontecerão os jogos – construção de estádios, obras em estradas, aeroportos e sistemas de telecomunicações – correrão por conta do estado, ou seja, serão bancados com dinheiro público. Calcula-se que o Mundial de Futebol do Brasil consumirá 5 bilhões de dólares, embora as estimativas finais, quando anunciadas, devam prever cifras bem maiores.

Os argumentos a favor dos gastos públicos com a Copa do Mundo no Brasil dizem que o certame trará empregos, aumentará o fluxo turístico, promoverá a revitalização de áreas urbanas e garantirá investimentos de peso no país. Mas as estimativas sobre número de turistas, geração de empregos e impacto do evento sobre o PIB em geral são exageradas. O normal é subestimar as despesas e superestimar as receitas. Encerrada a Copa, os cálculos são refeitos (quando o são) e a realidade costuma ser menos cor-de-rosa.

"A Copa deve ser comparada a uma festa de casamento. Você dá uma grande recepção, mas não deve esperar lucrar com ela", diz o economista Victor Matheson, do College of the Holy Cross de Massachusetts, autor de um estudo que mostra que o impacto de megaeventos esportivos é bem menor do que se alardeia.

Para os otimistas, a Copa costuma ser uma oportunidade para realizar investimentos em infra-estrutura de que há muito os países necessitam. "A Copa do Mundo antecipa investimentos que teriam de ser feitos em algum momento", afirma o presidente do Comitê Organizador da África do Sul, Danny Jordaan. Os sul-africanos vão aproveitar 2010 para construir um trem de alta velocidade entre Johanesburgo e Pretória. Os alemães reformaram estradas.

O Brasil poderia aproveitar para dar uma solução definitiva aos problemas de seus aeroportos. Apenas o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, pode ser considerado pronto para um evento do porte de uma Copa do Mundo, já que opera com metade de seu potencial. De qualquer modo, a partir desta terça-feira, o Brasil terá sete anos para preparar uma Copa inesquecível – e que espante do Maracanã os fantasmas de 1950.


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